Terça, 26 de Agosto de 2025
Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que os fatores de risco modificáveis estão associados a quase 60% dos casos de demência no Brasil. As três condições evitáveis com maior impacto são: baixa escolaridade no início da vida, perda da capacidade visual não tratada e depressão.
Os fatores de risco modificáveis são aqueles que podem ser evitados ou atenuados por políticas públicas, intervenções de saúde ou iniciativas individuais de prevenção. Isso os diferencia do envelhecimento e da predisposição genética, por exemplo, que também influenciam na incidência da doença.
A baixa escolaridade na fase inicial da vida foi o fator modificável com a maior porcentagem de associação a casos de demência, 9,5% de casos; seguida pela perda visual na velhice, com 9,2%; e pela depressão na meia-idade com 6,3%. Os outros 11 fatores modificáveis que aumentam o risco de demência, segundo a pesquisa, são: isolamento social, poluição do ar, traumatismo cranioencefálico, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, falta de atividade física, tabagismo, consumo excessivo de álcool, perda auditiva, colesterol elevado.
A pesquisa também aponta a necessidade de políticas públicas preventivas, já que a contribuição da baixa escolaridade e da perda visual não tratada foi maior nas regiões mais pobres do Brasil e entre as pessoas negras. A professora de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP, Cláudia Suemoto, uma das autoras da pesquisa, destacou que as descobertas apontam medidas de prevenção que podem ser tomadas individualmente, mas que devem, principalmente, fundamentar políticas públicas.